Codificação / Decodificação

Resenha:

Observa-se logo no inicio do texto “Codificação / Decodificação”, de Stuart Hall, que a idéia de circularidade, vem de que o próprio sistema de uma sociedade se perpetua dessa maneira (circular). As mensagens midiáticas, cumprem assim, um reflexo das condições materiais no mesmo circuito.

Stuart esboça, a partir de um determinado entendimento do processo de comunicação, um modelo de codificação e decodificação. Ele desconstrói com o modelo linear de comunicação, onde o processo (linear) trabalha com o emissor enviando mensagens ao receptor, não levando em conta diversos fatores, que são observados no modelo não linear.
Antes se pensava comunicação apenas como um modelo unidirecional, mas comunicação também é uma produção do sistema social que é o capitalismo, pressupondo assim circulação e não transmissão. A linearidade pode ser pronunciada em alguns momentos dentro da mídia, em alguns fenômenos isolados, mas o sistema não funciona dessa maneira.
Uma mensagem é um bem simbólico que circula como qualquer mercadoria, partindo do principio de três etapas: produção, circulação e consumo.
As práticas sociais como produção de sentido no cotidiano, têm um significado para cada sociedade, para cada individuo. O nível de bagagem social e cultural de cada individuo faz com que toda e qualquer mensagem tenha um significado único, variando de pessoa para pessoa.
Os meios de comunicação pegam esse bem simbólico e transformam em uma narrativa, que possui um valor abstrato. Transformando, enfatizando e recortando os fatos da vida social, que tem um significado próprio para cada sociedade, cada cultura em uma mensagem, que é codificada. O que determina a codificação é a produção simbólica e uma estrutura narrativa sobre os fatos é o que circula socialmente.
Hall faz uma analogia entre as práticas sociais dentro do capitalismo, colocando a comunicação como uma pratica a mais.
Existe uma narrativa nos meios de comunicação sobre as práticas sociais que já está pré-configurada, e está pré-configuração é a necessidade de transformar essas mensagens em lucro.
A comunicação circular trabalha com um conceito amplo sobre as decodificações da mensagem. Esse processo inicia quando começa a produção da mensagem, que podemos dividir em três etapas: a primeira é o recorte do evento no meio social, um evento na sua forma bruta não é notícia, no segundo momento observamos a formatação padrão dos veículos de comunicação e no terceiro e último momento é o consumo e a reprodução da mensagem, onde Stuart coloca como possíveis sentidos que podem encontrar rescaldos nas práticas sociais, não pela perspectiva de produção, mas sim de consumo e nem sempre: Codificação e Decodificação se encontram em consonância.
Abandonando um modelo behaviorista em direção a um marco interpretativo, onde todos os efeitos dependem de uma interpretação das mensagens midiáticas pelas pessoas, concebendo assim uma construção social e lingüística, o autor distingue a produção discursiva de outros meios de produção de sentido dentro da mídia. O que circula não é sempre o que representa o cotidiano social do objeto. Distinguindo o que é um evento significado nos meios de comunicação e o que ele é essencialmente.
As mensagens só conseguem gerar efeitos se forem transformadas em práticas sociais, ou seja, se o público que a recebe conseguir absorver o que ela propõe.
Segundo Stuart Hall, existem três tipos de codificação da mensagem: codificação de dominância, negociação e oposição. Na codificação de dominância o autor coloca que o receptor recebe e interpreta a mensagem pelo modo que o veiculo de comunicação quis transmitir, a idéia cria um conceito e é acatada pelo receptor. Na codificação de negociação o individuo não acata todas as informações fornecidas pelo emissor. E por fim na codificação de oposição é quando a mensagem não é interpretada pelo receptor.
No texto o autor faz também uma analise, uma leitura dos processos de recepção, apontando que conotação e denotação constroem diferentes processos de codificações.
Hoje o receptor está muito mais preparado para questionar seu emissor, deixando de ser aquele individuo passivo aos meios de comunicação.

Por: Alexandre Gurtat

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